O ser humano é mesmo cheio de manias, não é mesmo? Dentre tantas
e tantas está a de ser materialista. Tem gente que se apega a tudo quanto é
trapo velho, quinquilharia que não serve mais. Aquela máquina velha que
quebrou, a nova foi comprada para substituir; mas ela, a antiga, tem lugar
reservado no depósito de relíquias da casa. Conheço gente que se apega até a
embalagem de remédios! Um frasco de perfume vazio, então, é coisa que não se
joga fora. Conheci outro dia uma senhora que guardava, com todo cuidado, o
primeiro frasco de um Charisma que
havia ganhado quando jovem, deve ter lá seu valor sentimental.
Acho que é dessa mania que surgiu o “mito” do “velho do saco”
que tanto ajuda os pais a educarem os filhos. Basta dizer a criança birrenta: “olha
o velho do saco”, essa simples evocação desmancha qualquer forte decisão que o
inocente tenha tomado em contrariar seus genitores. E o velho segue caminho,
invisível para nós adultos, mas bem forte e visível na imaginação do rebento.
Há outro lado também do ser humano avesso a esse que precisa
ser dito, é a capacidade que às vezes temos de num relance repudiar aquilo que
tanto nos apegamos. Quem nunca abusou uma roupa e a jogou numa gaveta para
nunca mais vestir? E o perfume seu preferido que você não suporta mais? Tem gente
que abusa o carro que está usando, embora nunca tenha visto ninguém andando de ônibus
coletivo porque não suportava mais olhar o painel daquele carro, a cor, o barulho
do motor, o câmbio... Eh, essas coisas tem limites não é bem assim.
Aposto que você leitor já largou muitos livros na metade da
leitura por não suportar as personagens. Quando isso acontece na literatura,
que as pessoas são ficcionais, vá lá; o problema maior é quando isso acontece
na vida real, com pessoas de verdade. Bons amigos que viviam grudados um no outro,
de repente, não mais que de repente, não se suportam, viram inimigos mortais. Um
casal que jurou amor eternamente vai parar na delegacia! E a
amiga confidente que você deixa na geladeira sem dar um telefonema se quer pra
dizer um oi?
Isso é o ser humano na sua subjetividade coletiva. É o “disperso
conteúdo humano” como disse Sabino.
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