domingo, 14 de outubro de 2012

OSWALD DE ANDRADE E A POESIA PAU-BRASIL


Entender a importância que teve Oswald de Andrade para a renovação de nossa poesia é necessário primeiro entender um pouca da poética clássica. Simplificando o termo poética podemos dizer que seja o conjunto de normas e regras a serem seguidas como cânones em determinadas épocas. A poesia clássica é marcada principalmente pelo uso de temas clássicos e formas fixas de poemas (soneto, elegia, ode, rendol, etc). Além de se manter fiel a uma série de normas quanto a temática e as formas, o poeta deveria seguir a risca a medida dos versos. Dentre as medidas poéticas, ou metrifica, as mais usadas foram as redondilhas menor, com versos de cinco sílabas poéticas, as redondilhas maior com sete sílabas poéticas, os versos decassílabos, ou medida nova com dez sílabas poéticas, e os versos alexandrinos com doze sílabas poéticas.   Para se ter uma ideia do que isso significa, basta lembrar que Os Lusíadas, de Luis Vaz de Camões, que é um poema épico, possui 8.816 versos, todos eles são versos decassílabos.
O Movimento Modernista, que no Brasil seu ápice foi a Semana de Arte Moderno, teve como aspiração romper com toda essa forma de fazer poesia. Uma das novidades desse movimento foi o verso livre, idealizado pelo movimento Futurista europeu, versos que não seguiam nenhuma medida. Muitas das inovações das chamadas Vanguardas Europeias haviam sido incorporadas pelos poetas brasileiro. Isto é, nós estávamos pretendendo uma renovação nas nossas artes, mas importando ideias da Europa. 
Justamente por perceber isso que, Oswald de Andrade tornou-se um grande ícone nesse momento de nossa literatura. Ele junta um grupo de poetas e cria um movimento chamado de O Movimento da Poesia Pau-Brasil. Nome meio esquisito esse, não? Esquisito sim, todavia com uma grande simbologia. Ele é quem dá a explicação: "Pensei em fazer uma poesia de exportação e não de importação, baseada em nossa ambiência geográfica, histórica e social. Como o pau-brasil foi a primeira riqueza brasileira exportada, denominei o movimento de Pau-Brasil". Em 1925, lança em Paris os pilares dessa sua poética, por assim dizer, no livro Pau-Brasil e em 1927, em Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade. "...queria uma poesia primitiva, correspondente ao exotismo europeu, pelo qual optara em rejeição a cubismo e super-realismo". (RAMOS, A Literatura no Brasil - Era Modernista). 
Ao invés dos temas clássicos,  a mitologia grega-romana, por exemplo, Oswald vai buscar o primitivismo brasileiro. Com essa intenção é que versifica trechos da carta de Pero Vaz de Caminha. Veja uma estrofe abaixo em versos livres:

"Há águias de sertão
E emas tão grandes como as de África
Umas brancas e outras malhadas de negro
Que com uma asa levantada ao alto
Ao modo de vela latina
Correm com o vento."

Genial, não? José Oswald de Andrade nasceu em Saõ Paulo no ano de 1890, formou-se em Direito pela Faculdade de São Paulo em 1919. Mas foi como escritor de literatura que se consagrou. Dirigiu O Homem do Povo, fundou O Pirralho e foi um dos chefes organizadores da Semana de Arte Moderna. O que mais dizer desse homem agoniado e inquieto? Panfletário, crítico, ensaísta, romancista, contista, poeta, polemista. 

Bibliografia Consultada
A Literatura no Brasil / direção de Afrânio Coutinho; co-direção Eduardo de Faria Coutinho. - e ed. rev. e atul. - São Paulo: Global, 1997.

De Nícola, José, 1947 - Análise e Interpretação de Poesia / José de Nícola, Ulisses Infante - São Paulo: Scipione, 1995. - (Coleção margens e texto)

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