segunda-feira, 17 de junho de 2013

SOBRE O PROTESTO EM SÃO PAULO - REVISTA VEJA - APARELHO DE CONTROLE DO DISCURSO



As imagens dos protestos que aconteceram em São Paulo contra o aumento da passagem de ônibus que passou de 3 reais para 3,2 reais repercutiram no mundo inteiro. Na mídia não oficial: blogs, páginas do Facebook, sites de notícias, as monções de apoio foram unânimes. No entanto, como se era de esperar, nos canais oficializados, aqueles que pregam os discursos oficiais da classe dominante, o que se tentou foi a total exclusão de qualquer legitimidade do protesto. 
Segundo Michel Foucault na sociedade "a produção do discurso é ao mesmo tempo controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de procedimentos que tem por função conjurar seus poderes e perigos" (FOUCAULT - 1971). 
 Na edição de veja dessa semana, a matéria de capa mostra bem isso. Uma equipe de 8 néscios elaboraram uma matéria de 9 páginas (pág. 84 a 92) para tentar aquilo que Foucault chama de "procedimentos de controle do discurso" através da exclusão, tenta-se, com a matéria a "segregação da loucura", quando os profissionais da palavra vendida, ao juntarem toda suas forças intelectuais tentam descredibilizar o movimento através de questionamentos sobre a índole dos participantes. Segundo a matéria "são jovens dando vasão as pressões hormonais", mais na frente a matéria diz que muitos desses jovens tinham tudo para estarem "no cinema, shopping ou na balada, e não engrossando as fileiras das minorias de vândalos profissionais". O próprio sub texto da manchete de capa da revista já mostra uma tentativa de criminalização do movimento quando diz "depois do preço das passagens, a vez da corrupção e da criminalidade", fazendo  com isso uma vaga alusão a PEC 37, o intuito arquitetado pelos autores é o de jogar a dúvida na legitimidade do protesto. 

REVISTA VEJA - Ataque violente aos movimentos sociais e aos partidos de esquerda.
Isso mostra bem a serviço de quem a revista está.

Que perigo há nos discursos dos que protestaram "A LUTA NÃO É POR 20 CENTAVOS. É POR DIREITOS", que a veja chama de frase incompleta? Porque Arnaldo Jabor foi a televisão arrotar seu pensamento elitista do processo? Aliás a matéria parece uma transcrição desse discurso arnaldojaboriano. De fato, não é pelos 20 centavos, mas pelos direitos que nos são negados todos os dias. O direito de um serviço de transporte coletivo de qualidade. Direito de um sistema educativo no qual os investimentos cheguem às escolas para melhoria da qualidade e não sejam desviados pelos valeriodutos, ou pelos esquemas de mensalões . Direito de poder ir a uma unidade de saúde e ser tratado com dignidade. Direito de ter um emprego.
 A própria mídia oficializada afirma que o aumento dos 20 centavos foi o estopim para os manifestos acontecerem, e de fato foram, com essa gota d'água encheu-se a medida da tolerância. E é contra esse poder que a elite dominante se organiza para tentar o controle do discurso dos marginalizados. Se muitos dos que estiveram ali não precisam pegar ônibus, precisam, no entanto, de educação, saúde, segurança, moradia, dignidade. Coisas essas que vem sendo negado pelo estado. 
A história nos tem mostrado que a verdadeira democracia só acontece quando de fato o povo assume o controle da situação e luta contra o status quo. É para que isso não aconteça que a Veja exauriu seus 8 colunistas e enviou exemplar da revista até para assinantes que, assim como eu, já haviam cancelado a sua assinatura desse veículo de controle do discurso a serviço da direita tucana - a Revista Veja.

2 comentários:

  1. Essas manifestações significam um transformação na sociedade por querer mudanças profundas que atendam as demandas sociais, da educação, da saúde e também do acesso ao transporte digno. O aumento de 0,20 significa muito no bolso de trabalhadores que dependem de um salário mínimo. Estamos enfrentando uma crise social muito grande, por mais que o governo negue. Vivemos sob um índice de inflação em que não conseguimos mais garantir nem as necessidades básicas que o ser humano precisa para sobreviver. E, olha que a irupção da juventude não vai parar, e pode tomar propoções políticas, mudando a pauta do movimento, chegando quem sabe até o impeachment da dona Dirma. Na verdade cada cidade ou estado adequará sua pauta à reinvindicação. Isso significa que o povo não está mais disposto a pagar pela crise e Viva a Organização do Juventude e dos Trabalhadores!

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  2. Só uma coisa tenho que descordar a linha dos Anarquistas, AnonymousBR e Movimento Passe Livre é:

    Linha dos reacionários para assumir a direção dos atos.
    1) incentivar o apartidarismo.
    2) transformar os atos em uma luta genérica contra a corrupção.
    3) incentivar ações isoladas de vandalismo e confronto.

    Querem nos banir a qualquer custo do movimento. Essa luta sempre foi bandeira da esquerda como um todo. Eles disputam a direção do atos do movimento enquanto que as demais organizações somente querem o direito legítimo de levantar sua bandeira em direito à liberdade de expressão. Infelizmente incorremos no erro de que a esquerda continua dividida! E a direita Unida!

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