Caros Companheiros,
A greve dos professores da rede estadual é um assunto já bastante
mostrado pela mídia. Seria muito repetitivo apresentar aqui números e mais números
que em qualquer matéria pode-se ver. O governo mostra os seus, e o Sintepp diz
que estão errados. A categoria cobra do governador, ele passa a bola para o
MEC. O problema é que isso tudo acontece lá em cima, na capital. Nós, aqui
debaixo, acompanhamos a tudo apreensivos. Os alunos que encontramos ociosos
pelas ruas nos olham com um olhar de: “estamos ferrados, professor!” A gente
tenta explicar, jogar a culpa na intransigência do governo. “Mas ele aparece na
TV tão sincero” – pensa o aluno –“ os culpados são vocês, o governo está
negociando!” Desabafa. O Jatene, com sua cara de leão velho de circo, fica na
espreita vendo o resultado de seu golpe.
O certo, companheiros, é que essa é uma guerra onde a estratégia é jogar
com a opinião pública. E, até agora, o governo está ganhando. Nós estamos na
retranca. O velho leão tem sustentado o que diz e tem conseguido dar coerência
ao seu discurso, embora falso, de que não tem verbas e que está esperando a
complementação do governo. E, que ele negociou. Já adiantou 30% do valor do
aumento, pediu um prazo para pagar o restante, reduziu esse tempo pela metade. O
sindicato é que não negocia. O pior é que tem até professor caindo nesse conto
da carochinha!
Alerto, companheiros, nesse momento não há como recuar da briga. Isso
seria jogar fora toda a credibilidade da instituição que representa a
categoria. Seria se render ao olhar “carinhoso” do velho leão e ir afagar a sua
juba. Qual seria o resultado de um mês de greve? Atrasar ainda mais o nosso
trabalho, deixar os pais enfurecidos, e o pior de tudo: ferrar de vez os alunos
que dependem de uma educação pública precária e ineficiente. Sejamos coerentes
também.
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