sábado, 12 de maio de 2012

O DIAGNÓSTICO DA TURMA AJUDA NO TRABALHO DO PROFESSOR?


O trabalho com língua portuguesa para alunos do turno da noite é um desafio muito grande para o professor de língua materna. Vários são os motivos que levam a isso. Em primeiro lugar podemos citar o grande número de pessoas que há muito tempo estavam afastadas da escola. Em segundo lugar, há de se considerar que a grande maioria são alunos que trabalham durante o dia e estudam à noite. Em terceiro, não há um manual didático, nem uma política educacional clara para essa clientela tão especial.
Cinco, seis, dez anos afastados da escola é muito tempo para o aluno retornar e ficar a par de tudo o que viu durante o ensino fundamental e retomá-lo no ensino médio. Muitos deles chegam completamente cru de qualquer leitura durante esse tempo que ficou afastado da escola. Absortos estavam em seu dia a dia, fazendo apenas as leituras prática relativas ao trabalho ou serviço doméstico, quando o fazem, não vêem nenhum atrativo à leitura dos clássicos da literatura ou não lhes atrai qualquer reflexão voltada aos fatos da linguagem.
Há uma visão errônea comungada por quase todos de que ensinar português é fazer estudos metalingüísticos, voltados par a gramática do certo e do errado. Esse é um estudo prescritivo, que tem seu espaço sim; mas que não é suficiente para tornar ninguém leitor proficiente ou escritor coerente.  É a duro penar que o professor de língua materna consegue fazê-los, quando consegue, voltar-se a um estudo mais reflexivo da língua.
Levantar às cinco da manhã, caminhar às vezes quilômetros para pegar a condução para o serviço. Trabalhar oito horas diárias, chegar em casa, tomar um banho e ir para a escola estudar é um preço que nem todos estão dispostos a pagar. De boa vontade iniciam o ano, mostram-se interessados; mas logo são vencidos pelo cansaço e fadiga do trabalho. Aqueles que vêem nesse o único caminho de uma promoção social apelam para o emocional do professor tentando convencê-lo a ser “bonzinho” nas avaliações. Outros se desinteressam por completo e fazem do pátio da escola um espaço de lazer e distração.
O manual didático que chega para esses alunos é o mesmo que chega para os alunos do médio diurno, outra realidade completamente diferente. Torna-se inaplicável. Basta considerar o tempo dispensado aos estudos. No turno da manhã, por exemplo, o aluno chega às sete e meia e sai ao meio dia e quarenta e cinco minutos quando tem sete aulas, no turno da noite é para chegar às dezenove horas e sair às vinte e duas horas e quarenta e cinco minutos. Não obstante, sabemos que isso nem sempre ocorre, nem na chegada nem na saída.
Diante desse quadro exposto, não tem como o professor fugir da seleção de conteúdos. Pegar o manual didático e selecionar os conteúdos a serem trabalhados. Esse trabalho não pode, no entanto, ficar a mercê da subjetividade do profissional; todavia deve ser pautado no diagnóstico da turma. Isso é importante para que seja dado um mínimo de metodologia científica ao trabalho do docente.

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